Armando Ferrentini*
O Instituto Alana e a Anvisa estão com a corda toda em seu projeto de inviabilizar a liberdade de expressão comercial no Brasil. Diante do continuado fracasso nas tentativas de impor sua vontade no fórum mais representativo da democracia – o Congresso Nacional –, os “democratas” tratam agora, de um lado, através do Alana, de disseminar entre a opinião pública sua catequese preconceituosa contra a sociedade de consumo e, de outro, usando a Anvisa, fazendo-a fugir do escopo de suas atribuições, ao insistir em legislar sobre comunicação, arranhando a Constituição.
Uma bizarrice que deve merecer resposta à altura. Falando presunçosamente em nome da “sociedade organizada”, ignoram que a verdadeira sociedade organizada está ocupada em produzir, em gerar empregos, em desenvolver tecnologia, em atender a uma demanda crescente de bens, a que mais e mais brasileiros vêm conquistando o direito de consumir.
O discurso fundamentalista, fanatizado, repressor e obscurantista não representa novidade e o Brasil, com muita capacidade de resistência e superação, aprendeu a enfrentá-lo e não deixar-se cair na tentação da capa de “nobreza” que ele carrega.
O fato é que não há nada de positivo que possa ser identificado na tentativa de transformar as marcas em vilãs. Persegui-las, buscando inviabilizá-las comercialmente e como expressão de marketing, é colocar o próprio sistema na berlinda. É tentar pôr uma trava nas inter-relações de mercado, é sabotar a capacidade competitiva do País.
O radicalismo teimoso jamais teve consequências das quais pudéssemos tirar algum proveito para a sociedade. Pelo contrário: trouxe falta, agrura e provocou sempre a necessidade posterior de um penoso processo de recuperação do tempo e do espaço perdidos. Quem vivenciou a imposição da ideologia das reservas de mercado da informática, durante a ditadura, por exemplo, foi testemunha do atraso a que o Brasil foi humilhantemente submetido. Mas, à época, o discurso nacionalista empolgava, prometendo exatamente aquilo do que nos afastávamos cada vez mais: desenvolvimento tecnológico. Hoje, o discurso que tenta emocionar é o da proteção da sociedade contra os apelos do marketing.
Em nome da tese, setores localizados promovem uma cruzada incansável, levados por uma motivação cegada pela rejeição ao modelo social democraticamente adotado. Perigoso, muito perigoso. Haveremos que discutir sempre, de maneira equilibrada, a conveniência e a inconveniência do uso das ferramentas do marketing, inclusive em defesa da reputação dessas mesmas marcas. Mas isso passa muito longe da tentativa de transformar os apelos mercadológicos em vilões. O consumo é e sempre será também lúdico. Marcas trabalhadas eficientemente traduzem sonhos e proporcionam estados de prazer e felicidade. Todo o regime que tentou matar essa relação absolutamente consentida pelo consumidor tomou o equivocado caminho da tutela da sociedade. E amanheceu sob o manto cinzento do totalitarismo.
*Jornalista, editor do PropMark
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