O fenômeno que permitiu a ascensão social de milhões de pessoas, a melhora da distribuição de renda e ajudou a engordar o mercado interno e a economia, além de mudar o jogo de forças na política brasileira, deve perder fôlego em 2009. Segundo economistas, especialistas em distribuição de renda e institutos de pesquisa dedicados ao consumo, a ascensão de brasileiros pobres à classe média não se deve repetir em 2009. Uma série de fatores explica a interrupção do crescimento da chamada classe C. Só no ano passado, 20 milhões de pessoas subiram um ou dois degraus na escada social amparados por uma oferta maior de empregos, aumento de salários, acesso facilitado ao crédito - e, portanto, aos bens de consumo -, e pelo incremento de políticas sociais do governo, como o Bolsa-Família. Em 2009, quase todas as condições vão mudar de direção.
Em 2009, o desemprego tende a subir dos atuais 7,6% para 8,5% ou até 10%, de acordo com diferentes projeções. Com a retração da economia, será mais difícil negociar aumentos de salários. Além disso, o crédito já está mais caro e difícil. A única condição que continua jogando a favor são os programas sociais do governo. Para os especialistas, o resultado prático dessa combinação é uma estagnação da mobilidade social. O sonho de consumo da classe C vai dar uma travada no ano que vem, afirma o sócio-diretor da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros. Essa camada da população deve perder bem-estar, diz o sócio-diretor da RC Consultores, Fabio Silveira. Para Haroldo Torres, sócio-diretor do instituto de pesquisa de mercado Data Popular, a mobilidade das classes de menor renda deve ficar em banho-maria em 2009.
Uma projeção feita pela Target Consultoria revela a desaceleração do consumo da nova classe média, com renda média familiar média de R$ 1.180,00 por mês. Nos últimos quatro anos, o consumo da classe C cresceu 30% ao ano. Pelas contas da Target, em 2009, a expansão será de 3%, chegando a R$ 652,8 bilhões. A estimativa é feita com base no Índice de Potencial de Consumo (IPC), criado pela consultoria, leva em conta a estrutura de gastos e a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que embutem projeções para emprego e renda. No estudo, a Target levou em conta as projeções de crescimento de 2,5% do PIB feita pela maioria dos analistas consultados pelo Banco Central.(O Estado de S. Paulo)
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