Conforme notícia veiculada na mídia especializada no dia 16 de fevereiro, a Salfer , uma das maiores redes de varejo do Sul do Brasil, está convidando agências de publicidade interessadas em participar de “concorrências” focadas exclusivamente na criação de campanhas para datas promocionais.
Como é de conhecimento do mercado publicitário, a Salfer é atendida pela nossa associada PEB, de Joinville, há 12 anos. E, segundo a notícia veiculada, na opinião do cliente “a PEB tem feito um excelente trabalho para a marca Salfer”. Diante do fato inusitado e, pelo que sabemos inédito em nosso país, ou seja, a compra exclusivamente de criação, por parte de uma empresa-anunciante, de uma Agência – para que a produção e veiculação sejam executadas por uma terceira - o Sinapro/SC e a Abap/SC sentem-se na obrigação de se manifestar a respeito. Em defesa do mercado publicitário e de todas as Agências de Publicidade de Santa Catarina.
Embora essa decisão da Salfer nada tenha de ilegal, é lamentável, fere a ética e as melhores práticas e por isso deve ser rechaçada pelas Agências, uma vez que representa uma ameaça de quebra do modelo de negócios da publicidade brasileira. Um modelo mantido desde a existência das primeiras Agências de Publicidade que começaram a operar no nosso País na segunda década do século 20. Desde aquela época, embora uma agência seja estruturada em vários departamentos, é notório que o produto final criativo, a ideia, aquilo que é veiculado, representa a própria razão de ser do nosso negócio.
Em suma, desejamos alertar a todas as Agências de Publicidade, associadas ou não ao Sinapro/SC e à Abap/SC, para que se recusem a participar das ditas “concorrências” e defendam o nosso modelo de negócio, que vem sendo preservado mesmo em momentos difíceis quando, na década de 90, os chamados “Birôs de Mídia” tentaram se instalar no Brasil. E se isso tivesse ocorrido, a própria viabilidade econômico-financeira da nossa atividade estaria em grave risco.
Para finalizar, registramos também que não é por mero acaso que para uma Agência de Publicidade se habilitar a receber a certificação do CENP – Conselho Executivo das Normas-Padrão, ela precisa comprovar que possui todas as chamadas áreas técnicas - Planejamento, Criação, Mídia, Atendimento e Produção - e cumprir com as normas ali estabelecidas.
Florianópolis, 17 de fevereiro de 2011
Sinapro/SC | Abap/SC
A Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) manifesta-se sobre o caso :
"Sobre o processo de concorrência de “idéias criativas” do anunciante Salfer, nossa entidade tem a considerar o que segue:
- Os envolvidos na questão, seja o anunciante, sejam as eventuais agências participantes, não são associadas à ABA e, por essa razão, não nos cabe oferecer indicação de conduta neste caso específico.
- Contudo, é facilmente perceptível que se trata de aspiração a procedimento fora dos padrões de relacionamento agência/cliente praticados no mercado brasileiro e que, por sua natureza, oferece um efetivo risco de baixa eficiência para os envolvidos, tanto o anunciante, como a agência atual e as eventualmente contratadas por esse processo.
- Nossa entidade, em conjunto com a FENAPRO – Federação Nacional de Agências de Propaganda, elaborou, publicou e recomenda que a seleção de agências pelas empresas anunciantes, assim como as relações profissionais e comerciais advindas desse contrato, atendam aos procedimentos constantes no Guia da Melhor Prática – Seleção de Agência de Propaganda e Comunicação.
- Além desse documento, fundamentado nos padrões internacionais de melhor prática sobre a questão, é recomendável que as relações anunciante/agência, em nosso País, atendam aos preceitos sugeridos pelas Normas-Padrão da Atividade Publicitária, definidas pelo CENP – Conselho Executivo das Normas-Padrão, integrado e suportado tanto pela ABA como FENAPRO.
18 de fevereiro de 2011
Rafael Sampaio
VP Executivo
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