A Euro RSCG Social divulgou em seu primeiro estudo global sobre a chamada “Geração millenial”, formada por jovens de 18 a 25 anos batizados de “Nativos Digitais” que não conheceram outro mundo a não ser o formado por bits e bytes e dominado pelos avanços da tecnologia digital. Segundo o estudo, jovens dessa geração ao redor do mundo acreditam que o mundo precisa mudar, e que as mídias sociais lhes darão o poder para mudá-lo. A empresa MicroDialogue realizou a pesquisa de campo, investigando o que os jovens da China, da França, da Índia, da Inglaterra e dos Estados Unidos estão pensando a respeito do mercado de trabalho, da política e do consumo em geral. Grupos de 600 homens e mulheres em igual proporção – sendo 500 millenials e 100 pessoas com idade entre 40 e 55 anos – foram ouvidos em cada país, totalizando uma amostra de 3.004 pessoas. O ponto em comum entre eles: o mundo precisa mudar. Entre os millenials, 84% acreditam que está em suas mãos provocar a transformação e 82% acreditam ter condições de promover esta mudança.
O que marca a geração dos millenials é que eles percebem que serão profundamente afetados pelos problemas do meio ambiente e as mudanças ambientais. São eles que terão que viver com a explosão demográfica dos idosos. Eles terão de pagar pelos erros das gerações anteriores. Dos entrevistados, 92% dos millenials acreditam que o mundo precisa mudar. Sete entre cada dez integrantes da geração dos millenials acreditam que as mídias sociais são um vetor de mudança.O estudo analisou o uso das mídias sociais por parte das duas gerações estudadas como um meio de conexão, entretenimento e poder. O que divide os millenials e a geração anterior não é exatamente o uso da tecnologia, mas o uso das mídias sociais. Os mais velhos dizem que não têm tempo para elas. Eles temem pelos efeitos das mídias sociais nos cérebros e na saúde da geração mais jovem. Este olhar desconfiado é o oposto dos millenials, que usam as mídias sociais sem hesitar.
O Brasil é recordista no uso de mídias sociais e blogs na última pesquisa da Nielsen, que avaliou o percentual de usuários e o tempo gasto/mês nas redes por país. Temos 86% da população conectada, segundo dados de abril/2010, liderando mundialmente, com uma média de uso por mês de 5 horas. Nos Estados Unidos, onde 74% da população usam as mídias sociais, a média de horas por mês é de seis e meia. O recordista em tempo é a Austrália, onde 72% da população passam cerca de 7 horas e 20 minutos por mês conectada às redes.O estudo apontou uma curiosa tendência: o uso das redes sociais serve para conectar principalmente com pessoas próximas, amigos, amigos de amigos e familiares – mais do que com aquelas pessoas mais distantes. É o caso de mais da metade dos millenials (56%). Essa maioria se apresenta em todos os países estudados e chega a 70% da Índia, por exemplo.
Segundo o estudo, o que os diferencia os millenials da geração anterior é sua característica digital, mais do que qualquer outra coisa. É o que responderam 53% dos millenials nos Estados Unidos, 49% na Inglaterra e 46% na França. Na Índia e na China, os millenials acreditam que a principal diferença é que hoje eles são mais globais que a geração anterior (33% e 28%, respectivamente).David Jones, CEO global da Havas Worldwide e da Euro RSCG Worldwide, diz que a revolução digital tornou a juventude de hoje diferente de todas as anteriores, na medida em que ela tem acesso a um volume extraordinário de informações, como nenhuma outra, “tornando-a incrivelmente bem-informada”.
“Através das mídias sociais, a juventude tem uma habilidade sem precedentes de influenciar e causar mudanças positivas. Esta é a geração mais socialmente responsável que já existiu, e têm o poder de fazer com que os líderes globais a sigam”, diz Jones, que é co-fundador da One Young World - www.oneyoungworld.com -, que tem como conselheiros Kofi Annan, Bob Geldof, Muhammad Yunnus e Desmond Tutu, entre outros. Trata-se de uma plataforma de troca de informações voltada para o público jovem e conectada às mídias sociais e que realizará, por exemplo, na Suíça, em setembro, o “2011 One Young World Conference”. A idéia é promover e fortalecer discussões a respeito de questões globais e ajudar os jovens a se organizarem em movimentos concretos e transformadores.
A visão otimista do estudo é que os millenials de fato acreditam que podem mudar o mundo – para melhor. Mais do que isso: eles acreditam ter este dever. Nos EUA, 88% dos entrevistados acreditam ter o poder de transformar o mundo, e o percentual na Índia chega a 91%. Pessoas, através das mídias sociais, serão os agentes de mudança – mais fortes do que as corporações, os políticos e o consumo. Curiosamente, o item “o que se consome” apareceu com maior força como vetor de mudança nos EUA, na Inglaterra e na França do que a política, na pesquisa. Já na Índia e na China, onde as pessoas e as mídias sociais tiveram os mais altos percentuais como vetores de mudança, a política ainda aparece mais forte como vetor de mudanças do que corporações e o consumo.
Os millenials são, portanto, a primeira geração depois dos Baby Boomers a serem definidos e delineados por um fenômeno massificador: as mídias sociais. Para os Baby Boomers, o vetor era a música. Para os Millenials, as Mídias Sociais cumprem este papel de interação, comunicação, aprendizado, informação, congregação, mobilização e entretenimento.
A EuroRSCG Social traçou, a partir do estudo, algumas tendências:
- Agir globalmente, não localmente – as mídias sociais dão aos jovens um grande poder de agir. Os jovens integram hoje a chamada Geração Aberta, e essa abertura foi possibilitada pelas mídias sociais. Enxergar o que acontece ao redor do mundo os tornou mais realistas do que idealistas – ao contrário de gerações anteriores.
- Mídias sociais envolvem mais fortemente do que a realidade – o grande atrativo das mídias sociais é que elas permitem uma interação sem limites não só com pessoas quase desconhecidas, mas também com amigos e familiares. As ferramentas das Mídias Sociais correspondem a algumas necessidades humanas essenciais: conexão, conversa e um sentido de comunidade. Entre os Millenials, 56% disseram que redes sociais são a principal conexão com os amigos.
- MyCasting – millenials estão criando notícias, conversas e histórias intuitivamente e organicamente. Os jovens de hoje são ativos participantes das notícias, mais do que meros e passivos ouvintes. (Claudia Penteado/propmark)
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