Daniel Araújo*
Nem o brasileiro mais otimista acreditava, até o início dos anos de 1990, que um dia o país pudesse sair do grupo dos emergentes e pleitear posto mais alto. Aliás, até o termo “país emergente” não combinava com a inflação galopante e com a desigualdade social, que historicamente predominavam em nosso solo. Passados 20 anos, o cenário se transformou. Hoje, o Brasil apresenta um modelo econômico estável, tem um consumidor confiante e galga espaço de destaque entre as nações. Puxada pelas regiões Sudeste e Sul, a evolução econômica e social brasileira começa agora a avançar em outros quadrantes. De acordo com o consultor de empresas, Stephen Kanitz, essa interiorização é fundamental para que o Brasil não perca mercado para países como China e Índia. Sua palestra fez parte do II Fórum Mercados Brasileiros, promovido pela Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) em parceria com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA).
O evento, realizado em São Paulo, contou com 230 representantes do mercado de comunicação de todo o país, entre agências de propaganda, grandes anunciantes, governos, institutos de pesquisa e entidades. Com o tema “País rico é país regionalizado”, o presidente da Fenapro, Ricardo Nabhan, apresentou sua palestra, lembrando que a força do consumo das diversas regiões brasileiras tem contribuído para que o Brasil escape da crise internacional.Com auditório lotado, o Fórum demonstrou o papel essencial da comunicação na democratização das informações. O secretário da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), Roberto Messias, formalizou seu compromisso para que o governo abra licitações não apenas para agências nacionais, mas também às regionais. Além de distribuir melhor os recursos governamentais de comunicação, a medida garantirá um contato mais assertivo do setor público com a população, uma vez que as agências regionais conhecem melhor a cultura e os hábitos da sua região.
Stephen Kanitz, em uma rápida comparação, lembrou que os Estados Unidos têm cerca de 50 mil municípios constituídos, enquanto o Brasil tem aproximadamente 5.500. Considerando a proporção entre os tamanhos do país e da população, as nações europeias também têm administrações municipais muito mais próximas da sua sociedade.No caminho certo para o desenvolvimento, agora, o Brasil busca de todas as formas estreitar a relação com o seu povo. A esperança de crescimento está depositada na força da sociedade e, por isso, o país quer olhar nos olhos da população. Com 193 milhões de habitantes, espalhados por um território de 9,3 mil km2, há bastante trabalho pela frente. Mas, com o apoio das agências regionais e somando esforços, todos os brasileiros serão convidados a construir o desenvolvimento do Brasil.
*Presidente do Sinapro/SC e da ABAP/SC
Artigo publicado originalmente no portal AcontecendoAqui.
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