Queda forte no desemprego, com a menor taxa em 12 anos e avanço na qualidade das vagas , ainda que acompanhada de um recuo pequeno na desigualdade no trabalho. Uma taxa de analfabetismo sem grandes mudanças e que ainda atinge 10% da população, ou 14,2 milhões de pessoas. Mais acesso a bens e à infraestrutura, inclusive à internet em casa. E uma população que continua envelhecendo. Esse é o perfil do Brasil presente na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, lançada nesta sexta-feira. O estudo realizado pelo IBGE é o mais amplo levantamento feito sobre temas como população, educação, trabalho, habitação e acesso a infraestrutura e bens no Brasil.
O brasileiro conseguiu mais acesso aos serviços de água, esgoto e lixo e tem cada vez mais bens dentro de casa. O telefone já está presente em mais de 80% dos lares e o computador, em mais de 30%. São 13,7 milhões de lares, ou 23,8%, com acesso à internet, contra 20% em 2007. Mas ainda há fortes disparidades: 18,5% das casas no Nordeste não têm geladeira, por exemplo.
Com dados coletados entre outubro e dezembro de 2008, mas referentes ao mês de setembro, a Pnad mostra o perfil de um Brasil que ainda não tinha sido contaminado pela crise na vida real e vivia um momento de forte expansão econômica. No terceiro trimestre do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) cresceu 6,8% frente a igual período de 2007 e 1,8% sobre os três meses imediatamente anteriores. Apesar de as bolsas de valores terem despencado logo no início da crise, os efeitos na economia só começaram a ser sentidos no quarto trimestre.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego no país caiu de 8,2% em 2007 para 7,2% em 2008 (sem levar em consideração a área rural da região Norte), o menor nível desde 1996. Essa é a única taxa nacional de desemprego, já que a PME, do próprio IBGE, coleta dados apenas de seis regiões metropolitanas no país. E a boa notícia é que a melhora foi puxada pelo emprego com carteira assinada, que tem mais qualidade. Em todo o país, 2,113 milhões de empregados passaram a ter carteira de trabalho no setor privado (sem considerar os empregados domésticos), uma alta de 7,1% frente a 2007. O rendimento médio do trabalhador, no entanto, reduziu seu ritmo de crescimento. A alta foi de 1,7%, para R$ 1.036 mensais, após expansões de 3,1% em 2007 e de 7,2% em 2006.
A desigualdade no trabalho se reduziu, mas menos do que no ano anterior. O índice de Gini - que mede o grau de concentração da renda e fica entre 0 e 1, sendo que, quanto menor, melhor é a situação do país - foi de 0,521 em 2008, frente a 0,526 em 2007. Mas nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, onde a desigualdade é maior, houve pouca mudança. O índice se manteve inalterado em 0,552 no Centro-Oeste e teve leva queda, de 0,547 para 0,546, no Nordeste.
A situação ainda é preocupante no trabalho infantil. O Brasil tem 4,452 milhões de crianças entre 5 e 17 anos trabalhando, o que representa 10,2% da população nessa faixa etária. A boa notícia é que a taxa caiu frente aos 10,9% de 2007, ou seja, 367 mil crianças a menos estavam no mercado de trabalho em 2008.
Na educação, o analfabetismo pouco se alterou em termos percentuais (passou de 10,1% para 10%), mas o contingente de analfabetos aumentou em 113 mil pessoas. No Nordeste, onde a situação do analfabetismo é mais crítica, a taxa (19,4%) chega a quase o dobro da nacional.
Das crianças entre 6 e 14 anos - faixa etária que obrigatoriamente deve estudar, segundo a legislação brasileira -, 97,5% estavam matriculadas em 2008, acima dos 97% de 2007. Mais crianças de 4 e 5 anos estão na escola (72,8%, frente a 70,1% em 2007), mas recuou o percentual de jovens entre 18 e 24 anos que estão estudando (30,9% para 30,5%). (O Globo)
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